A AMAZONIA DESNUDADA
NO CANTO DE EDUARDO DIAS
Por Avelino do Vale
“SE QUERES SER UNIVERSAL, CANTA A TUA ALDEIA” Leon Tolstoi.
É com essa epígrafe que o premiado jornalista Ronaldo Brasiliense inicia a apresentação do novo disco do cantor-poeta Eduardo Dias, para discorrer sob a importância da sua obra no cenário musical da Amazônia brasileira. O disco, intitulado “Canto de Várzea” se reporta ao movimento musical ocorrido nos anos 80 na cidade de Santarém/Pa, numa forma de homenagear os cantadores do baixo-médio-amazonas paraense, onde ponteia os nomes de compositores como Beto Paixão, Samuel Lima, João Otaviano Matos, Everaldo Filho, Otacílio Amaral, entre outros.
O disco traz músicas inéditas de Eduardo, algumas já experimentadas e premiadas em festivais como o FECAM de Marabá, e o Festival de Ourém, considerando que o compositor já estava há cinco anos sem gravar, (seu último lançamento foi uma coletânea em 2004, “sabiás&rouxinóis”, que reúne várias de suas composições na voz de outros artistas).
Vencedor do último Festival de Carimbó realizado na cidade de Marapanim, ano passado, o Canto de Várzea será o sétimo CD na carreira desse artista que vem lá do estreito de Óbidos, e trilha nos palcos desde 1984, gravando e participando dos Festivais de Música universitária, por esse Brasil afora. Como poeta, tem 06 livros publicados, sendo que o último, “cantares e desencantos”, ganhou menção honrosa no último concurso literário realizado pela Fumbel, ainda inédito.
O disco foi gravado no estúdio EMA, e mixado no estúdio Brilho Record, em janeiro deste ano, por Edson Lima, e traz duas participações empecias: o cantor Marhco Monteiro, na faixa a cor do amar, e Allan Carvalho, do grupo Quaderna, na toada oriunda do folclore obidense, estrela do rio madeira.
Nesse trabalho, o artista conseguiu reunir um número expressivo de músicos, onde desponta o Banjo do seu conterrâneo José Félix, do grupo Curimbó de Bolso, passando pela guitarra de Beto Meireles, a Marcelo Pyrull, do Arraial do Pavulagem. Silene Trópico (que assina alguns arranjos) e Yury Guedelha, tocam flauta transversal, Arthur Alves, violoncelo, Neizinho Rocha o Contrabaixo, Jr (ex-banda calipson) a bateria, Anderson, os teclados, Alcides Alexandre, Nazareno Silva, Paulo Bandeira, a percussão. Pádua o violino, os sopros de sax por conta de Kleber Tavares e Manezinho do Sax, Chiquinho no Acordeon, nos vocais, Suzane&Simone, Rolando Adegas, e Bena. Junto com Eduardo que toca o violão, assinam também os arranjos, Mendes, Arthur Alves, e Calibre.
Segundo Ronaldo Brasiliense, que apresenta o disco, diz que, O Eduardo Dias, de “Canto de Várzea”, exibe a maturidade que se conquista com os anos de estrada. Os batuques, louvados em “Capitoa do Mar”, Carimbó da Louvação e o pai d´égua “Pra quem vai embora” dispensam comentários: Eduardo valoriza as expressões que compõem essa maravilha de cenário que é a Amazônia, a aldeia universal, com suas tradições, seu folclore, sua cultura, suas lendas, seus encantos. Viaja na “Rota do Merengue”, com sua letra engajada, combativa; desfila “O amor e a paixão”, num forró que convida ao arrasta-pé; percorre os caminhos das lendas amazônicas, em “Boto Moço”, nos versos de Chico Malta; discorre sobre a “Alma Cabocla”, em parceria com Raimundo Alfaia, sem esquecer o “Amor de índio”, do santareno Beto Paixão. Viaja também na “Estrela do rio Madeira” e, amazônico, reencontre as origens “Nos tum-tum do tambor”.
O Disco que tem apoio cultural do Banco da Amazônia
Gostaria de saber como faço para conseguir os demais discos, de preferência com o autógrafo do Eduardo. Dia desses o vi no avião de Santarém para Belém e quase peço um autógrafo num pedaço de papel. Minha mãe é muito fã dele, além de mim, é claro!
ReplyDeleteNota: Esse disco, o canto de várzea, salvou o resto de 2010 para mim, depois de um momento muito difícil porque estou passando desde o início do ano. Creio que a Obra de Arte é isso: ela é vida e faz viver (com felicidade).
Marlon
(advmarlon@gmail.com)