Saturday, 13 June 2009

Eduardo Dias - Biografia

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Poeta e Compositor, Eduardo Dias nasceu no estreito de  Óbidos em 12 de setembro de 1962.
  Na sua terra natal estudou no Grupo Escolar José Veríssimo e no Colégio Felipe Patroni. Aprendeu tipografia na Gráfica do Colégio São Francisco, fundada por Dom Floriano, onde começa a ter contato com publicações de jornais locais e cânticos regionais.
  Em 1976 muda-se para Belém, ingressa no Colégio Paes de Carvalho e em seguida conclui o curso técnico de estradas, na antiga Escola Técnica Federal do Pará. Estudou Letras e Direito na UFPa, em Belém.

  Lançou seu primeiro  livro, Uma Vida Viver, em 1983, ainda estudante de Letras, impresso na tipografia São Francisco de Óbidos, com apresentação do Prof. Orlando Cassique. Em seguida foi premiado pela Semec com o livro De Proa, lançado em 1985, juntamente com Ângela Maroja e Risoleta Miranda.
   Em 1988 publicou Sinfonia dos Delírios  editado pela gráfica Flor de Geraldo Maranhão.
   Em 1989 publicou A sombra oculta do mistério pelo edital de Arte da Secult/Pa, junto com os poeta Jorge Andrade, Kildervam Abreu e Márcio Maués.
   Novamente, em 1990, foi premiado pelo mesmo edital de arte da Secult/Pa com Sonhos em Maresias, junto com Rosely Souza e Fernando Canto, livro até hoje não publicado pela promotora do concurso.

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   Em 1991, publicou Poemas de amor e outras canções de amar, editado pela Gráfica Delta.
   Em 1995, publicou Nas trilhas do pingo d’água, com apresentação de quarta capa por Ademar Amaral.
  Seu mais recente trabalho Cantares e Desencantos, foi premiado em 2003 com Menção Honrosa no Concurso Literário da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel).
   Eduardo Dias tem poemas publicados na I Antologia de Poetas Paraenses, da Shogun Editora, 1985. Vários de seus poemas foram publicados em O Liberal, Cadernos de Cultura da UFPa, entre outros.
   Participou como colaborador da Revista Alternativa carioca Verso & Reverso, da Revista Brasília, onde foi premiado com Medalha de Bronze, em Concurso Nacional, em 1984, entre mais de onze mil poetas de todo o Brasil.
   Embora seja compositor, vários de seus poemas foram musicados por artistas como Ziza Padilha, Enrico di Miceli, Toninho Cunha, e Paulo Uchoa.
Eduardo Dias
por Manuela Carvalho Rodrigues
   Quem o escuta cantando, custa a acreditar que o início de sua carreira de cantor talentoso foi algo acidental - não tendo encontrado intérpretes para as suas primeiras composições viu-se obrigado a cantar, e para públicos cada vez mais numerosos, sempre fazendo belíssimas apresentações vocais, perfeitamente harmônicas com os sons que saem de seu próprio violão e dos instrumentos encontrados às mãos dos músicos talentosos que o acompanham no palco; como disse um crítico a respeito de um de seus primeiros trabalhos fonográficos: "disco de autor com qualidade de intérprete". Quem o escuta cantando o hilariante brega Não tem as condição, com versos que aludem a um difícil relacionamento amoroso entre jovens suburbanos de Belém, de gênios e valores completamente incompatíveis, não tem como ignorar que a irreverência é uma de suas características mais marcantes;algo expresso em seus inúmeros shows durante esses vinte anos de carreira, nos brevíssimos intervalos entre as canções que apresenta.
   Contudo, os que conhecem Eduardo Henrique Chaves Dias e sua obra - todos os que amam a música paraense - sabem que o brega e a irreverência peculiar a sua personalidade forte e marcante, pouco têm a ver com o refinamento poético e melódico e com o apego às coisas da região que caracterizam o vasto conjunto de suas composições musicais e justificam sua consagração, pela crítica e pelo público, como um dos maiores representantes da música paraense e amazônica, de todos os tempos. Eduardo Dias sabe cantar e sabe brandir ao violão os mais cultivados ritmos regionais, dos mais contagiantes aos mais harmônicos; sabe, como muito poucos, recriá-los em fusão com poemas de sua própria autoria que mais parecem letras de música, dedicadas ao amor e a nossa região. Eduardo Dias é sinônimo de criatividade e orgulho da origem amazônica e paraense, que transpassam a alma do talentoso artista e se misturam às suas composições musicais, fazendo florescer a verdadeira música regional. Sua música “tem olho de boto, garrafa de cheiro e benzera de avó”; tem o cheiro e a resistência do povo do Pará, da Amazônia; a história de nossa melhor música já não pode ser narrada sem referência a esse grande autor.

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FECAMARABÁ – 1993  Eduardo e Adamor

   Obidense, nascido no dia 12 de setembro de 1962, Eduardo mudou-se para Belém no começo da adolescência “com uma viola festeira, uma modinha de rio” e iniciou sua carreira aos vinte anos de idade, com serestas acompanhadas por cavaquinhos. A intimidade com este instrumento musical o fez participar inclusive de um festival de chorinho, mas o cavaquinho logo foi substituído pelo violão, que se tornou seu fiel companheiro. E foi com seu violão que passou a se apresentar nos bares da noite de Belém, subindo com este ao palco pela primeira vez em uma apresentação que ficaria assinalada como um marco de sua carreira: na semana de Artes da Universidade Federal do Pará, evento realizado em virtude da comemoração dos vinte e cinco anos de implantação da Universidade, Dias soltou a voz publicamente ao lado de vários artistas já importantes na época, entre os quais Altino Pimenta, Alfredo Reis, César Escócio e Rafael Lima. E não mais parou de cantar, composições próprias e de outros autores regionais; ele que estava há mais tempo condenado a criar músicas e poemas.
   O laborioso teor de suas composições, moldadas pelas mãos desse habilidoso ourives da música, logo ganhou reconhecimento, aclamado que foi pelos críticos da época, entre eles um dos mais exigentes: o poeta Rui Barata, que acenou positivamente para a estrada artística de Eduardo. O jornalista Euclides Farias lembrou a respeito que “a anuência do poeta era passaporte certo para quem sonhava com a carreira de músico” e “ não sem alguns ralhos, carimbou (referindo-se ao passaporte) o de Eduardo, com visto duradouro; e assim, reconhecido pela verve de Ruy, o jovem compositor pôde viajar o tempo que o tempo tem para emergir na virada do milênio com uma obra consolidada, fecunda, multifacetada, participativa e vibrante como o cubo de gelo no inquieto copo de uísque do mestre”. Esse brilhantismo inerente a um artista tão bem conceituado pela crítica é reconhecido por meio de premiações, sendo importante ressaltar que em todos os festivais dos quais participou, tanto no Pará quanto em outros Estados brasileiros, foi contemplado com prêmios. Dias ressalta a relevância dos festivais como a “melhor forma de revelar valores, pois conseguem atingir a um público que se torna cativo”, acrescentando que “a competição com nomes famosos vem só incentivar os novos a darem o melhor de si, mostrando o que sabem fazer ao invés de se inibirem”.
   Sempre vibrando com os ritmos amazônicos Eduardo Dias protagonizou no palco novos momentos marcantes de sua carreira. Em 1987, aos vinte e quatro anos, fez “Cheiro de Maresia”, acompanhado por uma banda composta por músicos ecléticos, através do projeto Clima do Som, da Associação dos Compositores, Letristas, Intérpretes e Músicos do Pará. Com alusões ao homem amazônico que mora na beira do rio, Dias conquista definitivamente seu público, que não mais se restringia aos universitários, congregando um universo muito maior de admiradores do lirismo com que declara sua paixão incurável pela cultura legitimamente amazônica e pelas belezas naturais desta região. Dois anos depois, em março 1989, no show “Mato Matado” cuja temporada teve início em Belém no teatro Waldemar Henrique e desdobrou-se em Santarém, durante a Semana de Cultura, e em Óbidos, no salão paroquial, Eduardo pode confirmar outra vez o reconhecimento pelo público de seu talento extraordinário. Além de interpretar músicas de compositores paraenses de renome nacional, com destaque para Alfredo Reis, Paulo André Barata, Gilberto Ichiahara e Walter Freitas; cantou músicas de sua própria autoria como “Canto para Despertar” . Esta, que recebeu uma premiação no festival do Baixo-Amazonas em 1987, impulsionou a abertura da porta para o caminho da vida artística fora do Estado: cantou no SESC de Santos, no Estado de São Paulo, dividindo o palco com outros artistas paraenses que já faziam sucesso no eixo sudeste.

  O primeiro compacto duplo “Lira d'água”, foi lançado, em 1986, na Casa da Cultura de Santarém, em que a música “Água” desponta tornando-se a mais conhecida deste cantor e compositor. Mas é com “Estrela Negra” seu primeiro LP, que data o ano de 1991, que Dias se consagra como músico “engajado na defesa radical da cultura regional, da qual a música é seu produto de maior lance (...). O disco vem reafirmar o movimento regionalista (...) contrário à marginalização dos valores locais.” (Jornal Diário do Pará, 1991). “Estrela Negra” traz 10 músicas de diversos ritmos: oito composições de Eduardo, além de ”Dança da Mata”,de Beto Paixão, e “Tocaia”, de Mario de Moraes e Sidney Piñon. No disco de vinil, Sarakura-mirá, reafirma a resistência aos produtos comercializados pela indústria cultural tratando novamente de temas regionais. Eduardo Dias contabiliza cerca de cinco CDs gravados de maneira independente, tendo várias de suas composições gravadas por grandes intérpretes como a cantora lírica premiada internacionalmente Márcia Aliverti, Alcyr Guimarães, Vital lima, Fafá de Belém, Ana Cristina (prêmio Sharp de MPB), Côro Cênico da Unama, Grupo Vox Brasilis, Alexandra Sena, dentre outros. E participou de coletâneas como “Canto pela Paz”, Omani Omani, II Festival de Música Paraense, Feart, Festival da Canção de Marabá e Coletânea Chico Senna.

    Eduardo Dias conquistou seu espaço no cenário musical com uma música imbricada de leveza regional, sem superproduções, destoante daquilo comercializado pela indústria cultural ao não se comprometer com modismos. Para Edgar Augusto Proença o reconhecimento conquistado pelo cantor foi merecido “tudo de até certo ponto sofrido, por isso mesmo mais valioso”. Suas composições assemelham-se a belos poemas literários com uma pincelada de romantismo. Segundo o jornalista Euclides Farias, Dias “sem saber fazer outra coisa senão perceber a beleza poética que emana de rios, igarapés, falares, costumes, lendas, contradições e da gente amazônica (...) ignorou os pichadores da obra alheia(...), cantou sua terra como poucos, produzindo rico, genuíno e sensível painel da Amazônia musical”. Para, Galdino Pena, professor da Fundação Carlos Gomes e compositor paraense, “a música de Eduardo é genuinamente amazônica, sobretudo por que nos traz à mente a imagem dos barrancos, dos remansos da beira-rio do médio Amazonas. Aliado a um estilo marcante e pessoal, evidente em composições como Cabanear, Eduardo consegue cantar o canto das águas o universo do homem amazônico de uma forma talentosa e promissora”. A formação do músico teve a influência de Caetano Veloso, João Bosco, e de Rui e Paulo André Barata, destes últimos extraiu a essência regional vista em suas composições em que ressalta o folclore local, por meio de uma linguagem peculiar, típica do povo paraense. Eduardo salienta a necessidade de se investir no regionalismo, nunca forçosamente, mas de maneira espontânea, citando as obras de Walter Freitas e Ronaldo Silva como parâmetros de qualidade.

   Não é de se estranhar que o compositor de músicas que se constituem em primorosas poesias, seja também autor de obras relacionadas a esse gênero literário. A sensibilidade intrínseca para a escrita resulta em poemas que mais parecem letras de música porque, para o artista Eduardo Dias, os “poemas de amor” devem ser versados “por uma linguagem simples e musical”. Nascido na “Terra dos Escritores” logo mostrou sua inclinação para as letras, atividade que se pôs a desenvolver, desde o ano de 1982, antes mesmo de trilhar o caminho musical. Cursou Direito pela Universidade Federal do Pará e logo após tornou-se estudante do Curso de Letras e Artes, podendo se dedicar à vocação de escritor. Assim, pode publicar uma série de obras poéticas em que o foco principal é o amor, abordado em suas diversas faces destaque para o amor entremeando a vivência do homem amazônico; esse amor descrito nos poemas traspassam suas composições. Eduardo tem ao todo sete livros lançados: “Uma Vidal Viver” (1982), “De Proa” (1986), “Sinfonia dos Delírios” (1989), “A Sombra Oculta dos Mistérios” (1990), “Sonhos em Maresias”, “Poemas de Amor e Outras Canções de Amar” em que são reunidos versos que discorrem apenas sobre o amor; e “Nas Trilhas do Pingo D'Água”, seu trabalho mais recente. Grande parte das composições que canta são elaboradas por ele, entrelaçadas por um regionalismo amazônico com um toque romântico em que as belezas e riquezas da região são exaltadas, proporcionando um resgate cultural e histórico, bem como, um movimento de resistência às imposições da indústria cultural, que veicula na mídia preferencialmente músicas advindas da cultura de massa por atingirem a um público bem maior.
   Opondo-se à utilização da música como produto a ser comercializado, visando unicamente ao lucro, Eduardo Dias dispôs-se recentemente a contribuir para a criação de mais uma rádio comunitária FM, a da Associação do Conjunto Habitacional Júlia Seffer, (ACHAJUS) localizado em Ananindeua, acreditando que a mesma poderá contribuir efetivamente para a divulgação e valorização da música popular e regional. Procurado pelo Instituto Cultural Fala para o Desenvolvimento das Mídias Populares da Amazônia, aceitou prontamente gravar músicas de seu vasto repertório em CD que ele próprio concebeu e que está sendo lançado com a finalidade de arrecadar fundos para a implantação da rádio Trata-se do CD “Batuque Amazônico, Coletânea Especial Nº 1”, que reúne em 15 canções uma esplêndida mostra da obra de Eduardo e outros autores da terra. “Caminho Nativo”, música de abertura do CD, que canta as belezas de alguns dos nossos mais importantes municípios. Beto Paixão, santareno, canta com João Otaviano Matos “Dança da Mata” sua bonita homenagem aos “encantos” de Santarém. “Matutando” conta com a participação especial de Nazinha. O saudoso Wilson Fonseca é lembrado com a regravação de “Lenda do Boto”. As faixas finais “Canto da Lua” e “Carimbo da louvação” são interpretadas por Ilma Maria. Estão entre outras canções conhecidas do público e que ajudam a compor o que a música paraense e amazônica tem de melhor.
   Como poucos, Dias consegue congregar emoção, amor, ternura ao cantar histórias típicas do povo, fazendo resplandecer em cada verso o orgulho de ser da Amazônia, a paixão de ser paraense, e valorizando o que há de melhor na região: os rios caudalosos, a mata verde e exuberante, o caboclo, o boto, o boi-bumbá, o perfume da terra. Canta o Pará autêntico em seus ritmos, danças e lendas. Seu “canto é flor de sangue” seu “verso seiva de amor”. Eduardo consegue exprimir em tudo o que canta o fascínio próprio de quem ama o que faz. É Cantor, compositor e poeta. Versátil. Três figuras que se complementam de forma harmoniosa, incorporadas em um único ser: Eduardo Henrique Chaves Dias, ou simplesmente Eduardo Dias.

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