ISBN: 978-85-7419-939-9
Monday, 29 June 2009
ISBN: 978-85-7419-939-9
Friday, 26 June 2009
festis
Parabéns pela abordagem do artigo.
A propósito de festivais de música, gostaria de fazer alguns comentários.
Ainda estudante universitário, participei da comissão julgadora do 1º Festival de Música do Pará, realizado em 1967. Apresentou-se no intervalo o Chico Buarque de Hollanda.
Em 1968, residente na “Casa da Juventude”, na capital paraense, centro de atividades culturais, recreativas e religiosas, participei ativamente da organização do “1º Festival da Música Popular da Amazônia”, realizado na Quadra de Esportes do Ginásio “Serra Freire”, ocasião em que também integrei Comissão Julgadora desse certame musical.
Em 1970, ao lado de uma plêiade de jovens idealistas, organizamos um dos maiores movimentos artísticos populares de todos os tempos de Santarém - o 1º Festival de Música Popular do Baixo-Amazonas. Em contato com as autoridades governamentais, com a imprensa e musicistas da Capital do Estado, conseguimos apoio financeiro, publicidade e alguns integrantes do Júri, dentre os quais o maestro Waldemar Henrique, para a realização do Festival, de cuja comissão julgadora - da qual eu participei -ele foi o Presidente.
O espetáculo final teve lugar no Cinema Olímpia, de Santarém, com enorme sucesso e com a participação de numeroso público que lotou literalmente as dependências daquela casa.
Em 1971, participei do “lº Festival Estudantil da Canção”, concorrendo, em Belém, com três composições, das quais duas ficaram entre as dez finalistas: “Apocalíptica” e “Motivo Amazônico”, ambas com letras de meu irmão José Wilson.
Em 1972, tive participação ativa na “Semana de Santarém”, realizada em outubro no Theatro da Paz, sob os auspícios do Governo do Estado do Pará (Fernando Guilhon) e Universidade Federal do Pará. E também participei da gravação do LP (”Santarém do Meu Coração”), que registra esse evento, inclusive com composições de minha autoria, de meu pai (Wilson Fonseca, maestro Isoca), meu avô José Agostinho da Fonseca, Laudelino Silva e outros músicos santarenos.
Foi durante a realização d 1º Festival Popular do Baixo Amazonas (1970) que se conheceram pessoalmente os maestros Waldemar Henrique e Wilson Fonseca.
Nas páginas 749/777 (volume 6) do “Meu Baú Mocorongo” (Wilson Fonseca) existe farto material, com ilustrações fotográficas, sobre o histórico 1º Festival da Música Popular do Baixo-Amazonas, realizado em Santarém, em dezembro de 1970, inclusive uma entrevista que concedi, publicada no jornal “A Província do Pará” (março/1970).
No Festival, foram inscritas 245 músicas, de diversos gêneros.
As letras das 9 músicas vencedoras, nos gêneros “Música Popular Brasileira”, “Música Jovem” e “Tema Regional ou Folclórico”, foram publicadas no livrinho “Santarém Cantando nº 2″.
De fato, Santarém teve, tem e terá uma bela história da música, que se destacada no Pará, na Amazônia e no Brasil.
Abraços,
Vicente Malheiros da Fonseca (filho do maestro Isoca) - magistrado, professor e compositor.
Tuesday, 23 June 2009
Monday, 22 June 2009
Rachel Peluso
A história da música nem sempre revela a importância das mulheres compositoras. Clara Schumann talvez seja exceção. Além de pianista e esposa de Robert Schumann, a alemã escreveu concertos para piano e canções.
O Pará produziu várias compositoras no âmbito da música erudita, como Rachel Peluso, nascida em Santarém (02.05.1908) e falecida em São Paulo (04.04.2005).
O início do século XX foi próspero para a cultura santarena. Em 1906, chegou à Pérola do Tapajós o compositor José Agostinho da Fonseca, pai de Wilson Fonseca, maestro Isoca. No mesmo ano, chegava o casal de italianos Marieta e Domingos Peluso, genitores de Rachel. Marieta instalou na cidade uma escola de piano, canto e bandolim. Lá estava o virtuose violinista José Veloso Pereira, educado na Inglaterra e formado, em música, pelo Conservatório de Lisboa. Os santarenos ainda contavam com a presença de padres alemães, alguns dedicados à música, como o educador Frei Ambrósio Philipsenburg.
Aos 7 anos, Rachel participava de um festival no Theatro Vitória, em sua terra natal, sob regência de José Agostinho da Fonseca. De 1920 a 1923 foi pianista da Orquestra Tapajós, dirigida por meu avô, em Santarém. Em 1923 mudou-se, em companhia de seus pais, para São Paulo, onde obteve diploma de pianista e concertista no Conservatório Carlos Gomes (Campinas). Foi aluna de expoentes da música brasileira (maestros Lamberto Baldi, João Gomes de Araújo e Samuel Santos). Professora, pianista e maestrina, estudou composição, regência, órgão, contraponto, bandolim, violino, violão e canto. Recebeu comendas, medalhas, títulos, diplomas, troféus e condecorações. Compôs o Hino Oficial da Assembléia Legislativa do Estado do Pará, lindas canções, músicas para piano, inclusive peças destinadas a crianças.
Rachel Peluso apresentou-se no exterior e esteve diversas vezes em Santarém e Belém, em recitais de piano e canto, com sua irmã Gioconda Peluso (também santarena), soprano lírico, que cantou músicas de Wilson Fonseca na Itália.
As irmãs Peluso fundaram e dirigiram o Instituto Musical Padre José Maurício por mais de 30 anos, na capital paulista. Nessa escola, oficializada pelo Governo Estadual de São Paulo, estudaram pianistas, regentes e cantores. Dentre ex-alunos de Rachel, a virtuosa pianista paraense Ana Maria Adade, professora do Conservatório Carlos Gomes, em Belém.
Durante dois anos (1962-1963), fiz um curso intensivo naquele Conservatório, pois já tinha iniciação musical, com meu pai. Rachel Peluso não só me ofereceu o curso gratuitamente, como ainda me fornecia álbuns de música e me permitiu estudar as lições de piano em sua própria casa, porque eu não dispunha do instrumento na ocasião. Rachel tinha um coração muito generoso. Era muito dinâmica e idealista. Ela foi a minha mãe musical. Sempre que vinha ao Pará trazia presentes para os amigos. A gratuidade do curso de música, segundo ela própria, decorria da amizade que tinha com a nossa família e como uma espécie de gratidão por haver tocado, quando jovem, em Santarém, na orquestra de meu avô (José Agostinho), que lhe dedicou a valsa Rachelina (1922). Quase 75 anos após (1996), esta composição recebeu inspirada letra do poeta João de Jesus Paes Loureiro. No ano seguinte, foi gravada, no CD Quis Fazer-te Uma Canção, pela soprano paulista Áurea Lopes Covelli, acompanhada, ao piano, pela própria Rachel, então com 89 anos. Todas as músicas do disco são de autoria dela, salvo a valsa Rachelina, incluída na gravação como homenagem da compositora a meu avô.
Tenho a raríssima gravação que fiz com Rachel na execução da valsa Rachelina, ela no bandolim, e eu, ao piano, quando estive, em sua casa, em São Paulo, na década de 70, com meu tio Wilmar Fonseca. Na ocasião também ali estava o compositor amazonense Arnaldo Rebelo, que residia no Rio de Janeiro, autor das Valsas Amazônicas. Fizemos um aconchegante sarau, após o lançamento de edições de suas obras musicais.
Para Rachel Peluso dediquei a minha Valsa Santarena nº 39 e para sua irmã Gioconda, a Valsa Santarena nº 41. Foi Rachel que sugeriu, em 1985, os subtítulos para a série de minhas primeiras 24 Valsas Santarenas (atualmente, 66 peças), que lembram as nossas raízes regionais. Revelou-me que os subtítulos foram inspirados após ela mesma tocar, ao piano, cada uma dessas peças, quando pôde melhor sentir o espírito e o clima de cada composição. Confesso que guardo com muito carinho esse tesouro, que considero uma verdadeira relíquia, porque se trata de material escrito do próprio punho, por Rachel, sobre os manuscritos de minhas obras, para as quais sugeriu alguns aperfeiçoamentos de dinâmica.
Como santareno, pelos laços de amizade de nossas famílias e seu ex-aluno, vibrei com a inclusão de suas músicas no recital Inspiradas Mulheres do Pará, no Festival de Ópera, em 2004, no Theatro da Paz, como a toada Belém de Nazaré, da qual há um arranjo, para coral a 4 vozes mistas e piano, escrito por Wilson Fonseca. Uma curiosidade: tanto Isoca como Rachel escreveram músicas para mesma letra de Canção da Santarena (Pe. Manuel Albuquerque).
Rachel era apaixonada por sua terra natal. Uma vez, quando eu era seu aluno, em São Paulo, ela me pediu que arranjasse um pajurá - fruta típica de Santarém -, para saborear aos pouquinhos. Ela gostava das nossas coisas, o que se refletia na sua obra musical. Assim como Waldemar Henrique, Jaime Ovalle e Wilson Fonseca, as canções de Rachel Peluso, dedicadas a Belém, Círio de Nazaré, Santarém, Brasília, Bahia, São Paulo, falam de amor, de saudade, da natureza, enfim, do belo. Nesse particular, lembram Schubert, Schumann e Brahms.
A última vez que a vi, em vida, foi em 2004, no dia de seu aniversário (96 anos), na inauguração da Sala Rachel Peluso, na Casa da Cultura de Santo Amaro (SP), dirigida pela maestrina e pianista Sílvia Luisada. Neste 2008, comemora-se o centenário de seu nascimento. Salve, Rachelina!
Vicente Malheiros da Fonseca, santareno, é desembargador federal do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região
From: blogdoespacoaberto.blogspot.com
Jose Maria
Neste feriado municipal - 348º aniversário da cidade -, o cantor e compositor Zé Maria (foto) vai apresentar hoje ao público presente no show Canta Santarém, no Parque da Cidade, uma de suas mais nova cria, a música Retorno (Santarém), em parceria com Domingos Diniz.
Ela, aliás, tem presença garantida no próximo CD do artista santareno.
Abaixo, a letra da canção:
Quando volto para teus braços nas veias que me conduzem,
Na água santificada, nas velas que te reluzem,
Sinto o encanto de teus traços que em meus passos se reproduzem.
E me perco por tuas areias perfumadas de sonhos
A vagar, a vagar…Como um eterno errante.
E amar, e amar… Como um caxeiro viajante
A se enganar, pois que me tens eterno.
Vide que mau começo e já te regalo
Pois presentes terás sempre de teus filhos mais caros.
Pássaros migrantes, pródigo raros.
Que volvem ao ventre mãe a revivê-lo, reconquistá-lo!
Mesmo que chegue o estrangeiro e te transforme num grande celeiro.
Num grão.
Grãos que não cantam nem choram.
Mãos que não ceifam, imploram por pedaços de pão.
Mesmo que por ventura o pulha
Recubra-te de fama, glamour e presunção.
Hei de beber mais um trago e brindar pela alma velada
Daquela que foi minha amada e que jaz na escuridão.
Não importa se estás iludida ou se morres na beira.
Hei de bradar pela vida muito além da soleira enquanto me deres guarida.
Porque sempre hei de elevar-te rumo ao céu de teus dias mais anis.
Na simplicidade pungente da alegria de tua gente
Que canta, sua e congraça! Sempre em tudo que pense e faça
Num movimento lúdico contínuo distante de traços vis.
Que este canto toque a face do meu bem.
Meu bem santo, meu pueril harém.
Eterna, bela, brilhante, bailarina SANTARÉM.
Do blog do Jeso
Saturday, 20 June 2009
Thursday, 18 June 2009
Tuesday, 16 June 2009
Download!
foto do dududourado.blogspot.com
Beto Paixão no Tempo e Espaço da Vida Plena!!
http://www.4shared.com/dir/15524425/fede54fd/sharing.html (Dança na Mata – Beto Paixão)
http://www.4shared.com/dir/15524425/fede54fd/sharing.html
http://www.4shared.com/file/112245288/d2bb8449/08_Faixa_8.html
(Lamento Amazonico – Beto Paixão)
On the river ( Gil Serique)
Foto: Dennis G. Brown
On the River
A campainha toca duas vezes e a marcha ré é acionada ao entardecer. Ela toca uma vez mais separando uma seqüência de três conjuntos crescentes de bleings.
The bell tolls twice and rear gear is set at dusk. It rings once more and separates a sequence of three crescent sets of bleings.
Farewell atmosphere is broken by hooking hammocks, knot shows, “-How is the weather?” and “– What did I forget?”
A atmosfera de despedida é rompida pelo atar das redes, shows de nós, - Como tá o tempo? e _ O que devo ter esquecido?
During the day time they were visitors and customers under the moonshine they are passengers again.
Durante o dia eles eram visitantes e negociantes, sob o brilho da lua são passageiros de novo.
With the city lights fading out behind, Mars is spotted; stars turn into constellations like your thoughts into plans. Now in your hammock, meditations are interrupted by a nap, dreams begin to shape, nightmares too.
Com as luzes da cidade desaparecendo ao fundo Marte é apontado.
As estrelas se transformam em constelações como seus pensamentos em planos.
Na rede, meditações são interrompidas por um cochilo: Sonhos começam a tomar forma, pesadelos também.
Captain contemplates the Milk Way and pin points some stars and planets that his burnt eyes still can spot to his only crew who asks without giving too much attention to a shooting star that falls.
O capitão contempla a via láctea e aponta algumas estrelas e planetas que seus olhos já queimados podem mirar ao seu único tripulante, que pergunta sem dar muita atenção a uma estrela cadente que risca o céu.
-Do you believe in Cobra Grande?
- O senhor acredita em cobra grande?
- Sure! Don’t you? The sailor was responded.
- Claro! Voce não? O tripulante é respondido.
Without expressing he had shared his superior’s thoughts he asks in more need of an answer.
Sem mostrar que tinha concordado com seu superior, ele pergunta novamente com mais necessidade de uma resposta.
Do you believe in Demons and E.Ts?
- O senhor também acredita em demônios e extraterrestres?
The third time the captain was going to respond positive to his second question was interrupted by a paper ball tossed into his miniscule cabin. He bends to get it with precision to see it was colored purple like on the apple he had given to a long-time wished- prey now part of the pack of passengers.
A terceira vez que o capitão ia responder positivo a mesma questão, foi interrompida por uma bola de papel atirada em sua minúscula cabine. Ele se curva e apanha com precisão e vê que era de cor púrpura, como o da maçã que ele tinha dado a uma presa de longas datas e que agora fazia parte do bando de passageiros.
- The fish bit the bait. He murmured.
- O peixe mordeu a isca. Ele fala pra si mesmo.
Without giving any chance to the sailor say “Please Don´t” the master single-pats him on the shoulder and disappears into many bodies suspended in a familiar labyrinth of hammocks.
Sem dar a mínima chance pro seu marinheiro dizer
– Pelo amor de Deus não!! O mestre dá um tapa no seu ombro e desaparece entre muitos corpos suspensos num labirinto familiar de redes.
- Eu também sei que tudo isso existe e deve haver muito mais.
Emoldurado pelo panico,o fiel tripulante diz como se lhe tivesse sobrado alguma companhia,
- I knew all this existed and there is got to be a lot more out there.
The sailor says like he had any companionship left with in a fearful frame.
Moving like an inquisitive otter the captain spots a red hammock with the help of his weak torch. He crawls by postponing his destination and at the stern notices the stars are being obscured by black clouds slashed by bright lightning bolts.
Com os movimentos de uma ariranha curiosa, o capitão localiza uma rede avermelhada com a ajuda de sua lanterna já fraca. Ele passa engatinhando e na popa, percebe que as estrelas estão sendo encobertas por nuvens escuras, chicoteadas por relâmpagos.
With myths into reality, the sailor holds the cricking helm like he does his bow and arrow at aim.
He shares the imminent reality with a new comer to both be terrified with the Apocalypse now.
Com mitos em realidade, o marinheiro segura o timão como se fosse seu arco durante a mira.
A realidade iminente é dividida com um recém-chegado e ambos ficam apavorados com o quadro apocalíptico.
Like in a wasp attack, he avoids the multitude of hammocks to find the sea man smelling his dead pray. Without any persuading attempt the terrified passenger grabs and drags the captain to his original position like a herd of peccaries under chase.
Como num ataque de cabas, ele evita uma multidão de redes e encontra o capitão cheirando sua presa fresca. Sem qualquer tentativa persuasiva o passageiro em pânico segura e arrasta o capitão como um bando de queixada, a sua posição original.
The engine noise mixes with cries, prayers and the sharp and fast noise of the water pump working together with the sailor as one.
O barulho do motor se mistura a gritos de desespero, orações e o estridente ruído da bomba d’água, que trabalha com o tripulante como se fossem um só.
The captain had gone well in the last three huge waves. The howling winds blowing from behind unbalances the boat that drops in a vacuum. Desperate words and cries crashes against splashing water as the pump silences little by little.
O capitão tinha se saído bem nas ultimas tres ondas grandes. O vento que soprava detrás, desequilibra o barco que cai num vacuo. Palavras de desespero se chocam com a água enquanto a bomba silencia-se aos poucos.
I feel my fainted-like body being carried effortless up stairs. Dogs bark when I am being carefully placed in a hammock. At dawn break roosters don’t bother me metallic noise and joyful morning greetings with the scent of fresh hot coffee do.
Eu sinto meu corpo sendo carregado sem esforço subindo a escada.
Cachorros latem enquanto sou gentilmente posto numa rede. De madrugada o canto dos galos não me perturba, mas o som metálico dos talheres e saudações de alegria da manhã, com o cheiro de café fresco sim.
Monday, 15 June 2009
Letras/Ficha Tecnica
(Beto Paixão)
A lua é cheia
E o salão está vazio
O povo dança
Na sombra da castanheira
O Amazonas dá sinal que liberou
O amor é livre
E pode ser feito na areia
O boto vem
E vai dançar com a cabocla
Cintura fina
Cheirando a patchouli
Olhos azuis
E dizem que ela é morena
É uma pérola
Que brilha nesse rio
Santarém
Vou além
Dos teus encantos
Intérpretes: Beto Paixão/Nicolau Paixão/João Otaviano/
Everaldo Martins/Eduardo Serique/Samuel Lima/Emir Bemerguy Filho
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelbert Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Acordeom/Cordas/Violino/Cellos: Luiz Pardal
Violão: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal
AMOR DE ÍNDIO
(Beto Paixão)
Se eu negar a cor de ser
Um índio bravo
Se tajá vier a ser
Também sou cravo
O que sei de cachoeira
Será um alívio
Num chocalho de imbaubeira
Farei você
Que não é chuva
Não é, não é
Não é a folha do mururé
Não é à sombra do açaizal
Serás o amor de um índio mau
Serás a pena do papagaio
Terás a pena que a gente tem
Serás assim uma indiazinha
Serás enfim, o meu querer bem.
Intérpretes: Nicolau Paixão/Emir Bemerguy Filho
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Piano Bells/Cordas: Luiz Pardal
Violão: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelberth Carneiro / Davi Amorim
DIRETAMENTE FALANDO / BOCA DE FORNO
(Beto Paixão)
Se fosse pra escolher
Escolheria você
Que é a cidade da foz
Dos rios que banham cabocla
Herdeira mais pura
Te dou minha voz
Tenho a certeza que só
Como dizia a vovó
Encantos de Alter do Chão
Coqueiros do Curuai
Formam imagem segura
Que nem são as águas
Do Rio Tapajós
Belas praias que posso curtir
Pajussara e Aramanaí
Canto da ave marreca
Te amo assim
Canto o herói dessa terra
Que é o boto tucuxi
Onde anda você
Que não soube escolher
Onde anda você
Se tua linda boca pedir pra mim
Irei correndo e tudo o que tu quiseres
Digo que sim
Se fosse pra dizer diria amor
Se fosse para correr aos teus braços
Eu correria sim
Pulei corda e na roda tirei um verso
Pra exaltar tua voz sei que estou certo
De ir correndo buscar o que tu quiseres
Na boca de forno, forno
Onde mandar correndo irei
Vai, vai, vai buscar o Rio Amazonas aqui pra perto
Vê se traz o violão que isso tá deserto
Tem lenha, faz a fogueira que hoje tem festa
E a noite inteira a dentro vamos amar, que amar é bom
Beijar que beijar é bom
Amar que amar é bom.
Intérpretes: João Otaviano/Everaldo Martins
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Cordas: Luiz Pardal
Violão/ Guitarra: Davi Amorim
Sax Tenor: Esdras de Souza
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelberth Carneiro/ Luiz Pardal/Esdras de Souza
CANCIONATA
(José Wilson Malheiros-Otacílio Amara)
Esse rio
É uma ida sem volta
Se espalha e se solta
Me deixa na beira
Água cheia de fatalidade
Navegar mesmo contra a vontade
Queira Deus ou não queira
E nas águas vou eu
Liquefeito a correr
Que não há outro jeito (bis)
Na terra do verde bravio
O azul sinuoso passeia
É a mansa corrente de um rio
Que eu trago correndo nas veias
Caminho de ondas serenas
Teu canto profundo nativo
Eu sei que tu és apenas
Rio Tapajós meu motivo
Ah! Se a vida fosse um rio
E eu uma pequena canoa
Deixava que as águas seguissem
Sair navegando à toa
Intérpretes: Otacílio Amaral/Emir Bemerguy Filho.
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Bandolim/Violino/Cellos: Luiz Pardal
Flauta: Esdras de Souza
Violão aço: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Arranjos: Adelberth Carneiro/Luiz Pardal/ Esdras de Souza
A GÊNESE DA PÉROLA
(Beto Paixão-Samuel Lima-Antonio Álvaro))
Tribo, tambor, maracá
Muiraquitã sorte a dar
Barro enseada, esculpindo o pensar
Nurandalú a cuidar
Do ritual Tupaiu ao luar
Preces refletem o louvar
Na imensidão paraná
Erê, Erê
Curicatu
Festa no céu Tupaiu
Sebastião beija flor
Deus do amor
Linda Potira encantou
Do sangue luso
Mesclado ao Tupi
Do amor nasceu Borari
Moaçara do Tapajós
Veio de rio
Barco a singrar
Nessa missão
De aqui ensinar
Foi dominado o lugar
Tribo, tambor, maracá
Intérpretes: Samuel Lima/ Beto Paixão
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano/Pad: Jacinto Kahwage
Violão: Davi Amorim
Flauta: Esdras de Souza
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelberth Carneiro/Davi Amorim
MACAMBIRA / SAUDADE DO MAICÁ
(Beto Paixão)
Meu passeio é botão de flor
Essa flor que navega no ar
Cheira bom que é tão bom se viver
Nas quebradas que o vento me dá
Eu já voei pelos montes da aldeia
Pelas ruas eu só quero andar
Andorinhas na torre da igreja
Gaivotas no rio a bailar
Ponta de areia, praia de rio
Voa no vento desse navio
Vai Macambira, segue pra lá
Lá onde o vento quer te levar
Uma casa lá na selva
Bem perto da serra
Uma casa velha
Um lar pra amar
Uma carteira e um cigarro de palha
E navalha, um canto canalha
Pra escutar
O que ver em noite cheia
De estrela na veia
Ter o que mirar
Na teia do lago
Um gado não magro
Cavalos e ovelhas
Nos campos a pastar
Ai, que saudade do Maicá
Ai, que vontade de lá voltar
Peixe assado na brasa
Pimenta amassada
Nas terras amadas de tanto plantar
Não incomodar a caçada
De um índio que vaga
Ver lebre correndo na relva a pular
Não ver o que é males
De homem que mata o verde da mata
Polui o ar
Amanhecer com as aves
Na sonoridade de um canto fagueiro
E o sol a clarear
Intérpretes: Everaldo Martins/Beto Paixão.
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano/Pad: Jacinto Kahwage
Violão/Guitarra: Davi Amorim
Sax Soprano: Esdras de Souza
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal/Esdras de Souza
ZEZINHO VAI
(Zé Azevedo)
Brincando de manhã quando criança era tão legal
Pular no carro de boi do seu Lulu não fazia mal
Os jogos de patela e de botão, pião eram divertidos
No ar meu papagaio rabeava
Mas a linha tinha vidro
Depois da reunião de sacristão tinha o bate bola
E na minha escola São Raimundo conheci o mundo
Vai, Zezinho vai
Vai, vai aprender
Que esse mundo é grande
Tens que conhecer
Tens que aprender
Descia o Veterano na carreira lá pra beira ao por do sol
Nadava e mergulhava e apostava
Na luta do homem rã
Pulando é que passava o Jaraquí e a gente tava ali
No ritual da pesca de cardume estava o boto tucuxi
Charutinho, Caratinga e Mandií na piracaia
É noite de luar
O tempo é uma festa que desova
Nos ovos de tracajá
Domingo era o torneio do campo do seu Guilherme
Estrela Dalva, Canarinho, Palmeiras, Rio Negro e Guarany
Só no final do jogo é que o Valter me colocava
Levanta do banco entra Zé, sai Zé, termina o jogo
Da Coroa de Areia, o Trapiche, Vera Paz e Salvação
Curro Velho, Laguinho e Mapirí, acabou o chão
De balador vou pra Sudam
Bam, Bam, Bam, Bambolê
Tens que conhecer Bambolê
Tens que aprender
intérpretes: Zé Azevedo/Eduardo Serique
Piano: Jacinto Kahwage
Violino: Luiz Pardal
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal
LAMENTO AMAZÔNICO
(Beto Paixão)
Por que é que boto vira gente
Enganando cabocla ele mente
E na mata o índio que mata
Mata o homem que quer lhe comer
Me arresponde guariba da noite
Por que vives na selva a gemer
Ai, Ai, Ai, selvas, rios, sadismos, massacres
Do Pará, Amazonas ao Acre
A hiléia, três donos, pra que?
Ai, Ai, Ai, as fazendas de donos banqueiros
Violão, tambaqui, travesseiro
É a vida do homem de cá
Essa selva de luar em prata
Tem Jaci, tem montanha, Ererê
Febre e dor têm enchente que mata
Peixe-boi, tem saci pererê
Na folhagem dá pulga e traças
Pirilampos, cigarras e sapos
Ai, Ai, Ai, Selvas, rios, sadismos, massacres
Do Pará, Amazonas ao Acre
A hiléia, três donos, pra que?
Ai, Ai, Ai, As fazendas de donos banqueiros
Violão, tambaqui, travesseiro
É a vida do homem de cá.
Intérpretes: Beto Paixão/Nicolau Paixão
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Acordeom/Cordas: Luiz Pardal
Violão aço/ Guitarra: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal
CALUNDUM DA M’BÓIA
(Maria Lídia)
No meio do lago,
no meio do lago,
do Lago Juá
mora uma cobra grande
conhecida por M’bóia
serviçal de Perudá
Se falarem da moça,
do rapaz e do vigário
do cantor, do empresário,
do doutor e do prefeito
é só levar pra Mbóia
que M’bóia dá um jeito
Pajé lunático
aquático tribunal
que devora réu que é mau,
que ao bom réu, só faz o bem
Quero ver se existe alguém
quero ver se existe alguém
com medo da cobra grande
do Juá, em Santarém.
Intérpretes: Maria Lídia / João Otaviano
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano/Pad: Jacinto Kahwage
Violino Zetta: Luiz Pardal
Violão/Banjo: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Maria Lídia/Luiz Pardal
MATAMATÁ
(Otacílio Amaral)
Não dá pra esquecer
Esse rio cristalino
E esses sonhos de menino
Que eu guardei
Não dá pra entender
Todas essas mãos
Todas essas máquinas
Rasgando tua terra
Partindo teu coração de mata
Mata, mata
Refrão: Mata peixe, mata gente
Mata bicho, mata a mata (bis)
Matamatá (pra finalizar)
Meu Deus
Quanta tristeza
Que a gente nem acredita
Que isso é coisa de homens
Quero plantar, rememorar
Um benjamim que eu vi um dia
Quero andar por essa rua
Que um dia já foi praia
Essa ilusão que vai
Muito além da água
Lavando a alma
Sem pensar na salvação
Quero peixe, quero gente
Quero bicho, quero tudo (bis)
Intérpretes: Samuel Lima/ Otacílio Amaral
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Cordas/Violino/Cellos: Luiz Pardal
Violão/Guitarra: Davi Amorim
Sax Tenor/Soprano: Esdras de Souza
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal
O NAVEGANTE
(Otacílio Amaral – Erasmo Maia – Rui Penna))
Um navio no porto
Olho esse mar
E o meu olhar é um navio
Navego sem parar
Na rua do pôr-do-sol
Eu quero ter um lar
Choro de tristeza
E um torpor me invade
A preguiça desta terra
Enterra a âncora
E finca o meu penar
Parado olhando o mar
O meu destino americano
É uma canção
Eu canto até chorar
E sinto pena de tudo que há
Em volta deste mar
Quem sabe um dia
Eu desenterre o morto
O lusitano avô
E saia deste porto
Pra nunca mais voltar
Intérpretes: Everaldo Martins / Eduardo Serique.
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Cordas/Violino/Cellos: Luiz Pardal
Flauta: Esdras de Souza
Bandolim: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/ Kleber Benigno (Trio Manari)
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal
AMAZÔNIA
(Beto Paixão)
Este nome é mata, é selva
Esta selva é lenda, é rio
Este rio que corta ao meio
É fita desse Brasil
É Amazônia, Amazônia...
Terra de beleza, fauna
Pororoca é natural
Jamanxim é rio de tribo
O minério, bamburral
Guamá, Tapajós e Solimões
Em meio à flora é Manaus
Tem pirâmide de índio guerreiro
E o toc-toc pica-pau
É Amazônia, Amazônia...
Quando da secura, a várzea
É paraíso de animais
Dá canário, camaleão
E à noite voa o bacurau
No Xingu a tribo se entregou
A morra do artificial
Pois em devaneio colocou
E tirou-lhe todo o natural
É Amazônia, Amazônia...
Intérpretes: Emir Bemerguy Filho/Nicolau Paixão
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano: Jacinto Kahwage
Cordas/violino/Cellos: Luiz Pardal
Sax Soprano/Flauta: Esdras de Souza
Violão/Banjo/Guitarra: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelbert Carneiro/Luiz Pardal
CANTIGA ENTRE IRREVERENTE E AMIGA A SANTARÉM DO TAPAJÓS
(Otacílio Amaral)
Sei que vou cantar, re-encantar em Santarém
Te quero bem, meu muito bem
Meu Santarém do Tapajós e do Amazonas também
Te amo muito Pérola rara
Mas estão jogando luxo, lixo
No leito límpido dos teus lençóis
Estão jogando bombas, redes, detritos e anzóis
Meu Tapajós, o que será enfim de nós?
Do teu céu azul?, Do teu pôr-de-sol? (Bis)
Mas o que eu quero mesmo é poder continuar
É assistir por assistir, agarradinho
Um bang-bang, um kung-fu, uma chanchadinha
No Cinema Olímpia
Meu Tapajós, não quero ver o que vão fazer de ti
Do teu Irurá, do teu Mapirí
Do teu vento doce, do teu açaí
Da tua morena mulher
Do teu povo aflito, e do nosso chibé
Mas o que eu quero mesmo é poder continuar
É te olhar, é te sentir, é te cruzar
Meu Tapajós, não quero ser
Mas sou saudoso em te lembrar
Se construindo ao deus-dará
Sem essa pressa de chegar
Deixando o seu Marçal pescar
Sabendo que a vida, que a morte é certa
E que é isso que se vai buscar
Deixar que você seja a flor da natureza
“Pérola do Tapajós”
Casa limpa e bela de todos nós
Intérpretes: João Otaviano / Emir Bemerguy Filho
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano/Pad: Jacinto Kahwage
Acordeom: Luiz Pardal
Violão: Davi Amorim
Flauta: Esdras de Souza
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Adelbert Carneiro/Davi Amorim
ELEGIA ECOLÓGICA
(Antonio Álvaro)
Estão matando a terra
E os seres desta terra
Peixes dizimados, aves derradeiras
Não há paz pra natureza
As rochas escarpadas
As flores perfumadas
São nossas irmãs, somos irmãos
Partes da terra
Ninguém é senhor dela
O pássaro... se joga no cálculo
Que assoma o peso do seu galho
O sábio... capta o movimento distraído
Da espessura do galho, poleiro e ninho
Ó minha mãe
Alma verde pé no chão (bis)
Alguém cortou o galho
Lá se foram os filhos do pássaro
Pelo chão
Intérpretes: Everaldo Martins/Antonio Álvaro
Piano: Jacinto Kahwage
Cordas/violino/Cellos: Luiz Pardal
Flauta: Esdras de Souza
Violão: Davi Amorim
Efeitos: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Arranjos: Luiz Pardal
FOGO DO SAIRÉ
(Maria Lídia – Doka Fernandes)
Em setembro, todo ano
há um festival profano
na vila de Alter-do-Chão
onde tupaiús, turistas
Mocorongos, anarquistas
formam uma só nação
Deus Tupã se manifesta
e abençoa a grande festa
desse povo em comunhão
coração é alegria
quero dança e cantoria
toca, toca, Espanta Cão
Com a rima na ponta da língua,
com a dança na ponta do pé,
vou por terra, ar e água
para o fogo do Sairé.
Palavra de ordem, brincar noite e dia
quem fica parado estraga a folia
rapaz que requebra demais quando dança
atraca de popa, não poupa a poupança
Quem vai pro escuro caçar gafanhoto
ou pisa na cobra ou topa com o boto
perigo é namoro na beira da praia
tem caco de vidro, piranha e arraia
Cigarro que fede a palha queimada
Papai não suporta e mete a porrada
Cabra cachaceiro, vê se não fulera
na próxima esquina, a polícia te espera
Aqui, catraieiro, te dou um trocado
me leva depressa lá pro outro lado
ó, Dona Maria, acabe essa broca
e sirva um peixinho na sua maloca.
Intérpretes: Maria Lídia / Everaldo Martins
Bateria: Edvaldo Cavalcante
Baixo: Adelberth Carneiro
Piano/Pad: Jacinto Kahwage
Sax Soprano: Esdras de Souza
Violão/Banjo: Davi Amorim
Percussão: Márcio Jardim/Nazaco Gomes/
Kleber Benigno (Trio Manari)
Vocal: Suzane & Simone
Arranjos: Maria Lídia
Sunday, 14 June 2009
Saturday, 13 June 2009
Canto de Varzea cem outros cabocos e cabocas
Deixa eu ver: Nilson, Eduardo Serique, Edimar Rosa, Rolinha, Jair, Anderson, Everaldo, Floriano, João Otaviano, Luis Alberto
Eduardo Dias - Biografia
Poeta e Compositor, Eduardo Dias nasceu no estreito de Óbidos em 12 de setembro de 1962.
Na sua terra natal estudou no Grupo Escolar José Veríssimo e no Colégio Felipe Patroni. Aprendeu tipografia na Gráfica do Colégio São Francisco, fundada por Dom Floriano, onde começa a ter contato com publicações de jornais locais e cânticos regionais.
Em 1976 muda-se para Belém, ingressa no Colégio Paes de Carvalho e em seguida conclui o curso técnico de estradas, na antiga Escola Técnica Federal do Pará. Estudou Letras e Direito na UFPa, em Belém.
Lançou seu primeiro livro, Uma Vida Viver, em 1983, ainda estudante de Letras, impresso na tipografia São Francisco de Óbidos, com apresentação do Prof. Orlando Cassique. Em seguida foi premiado pela Semec com o livro De Proa, lançado em 1985, juntamente com Ângela Maroja e Risoleta Miranda.
Em 1988 publicou Sinfonia dos Delírios editado pela gráfica Flor de Geraldo Maranhão.
Em 1989 publicou A sombra oculta do mistério pelo edital de Arte da Secult/Pa, junto com os poeta Jorge Andrade, Kildervam Abreu e Márcio Maués.
Novamente, em 1990, foi premiado pelo mesmo edital de arte da Secult/Pa com Sonhos em Maresias, junto com Rosely Souza e Fernando Canto, livro até hoje não publicado pela promotora do concurso.
Em 1991, publicou Poemas de amor e outras canções de amar, editado pela Gráfica Delta.
Em 1995, publicou Nas trilhas do pingo d’água, com apresentação de quarta capa por Ademar Amaral.
Seu mais recente trabalho Cantares e Desencantos, foi premiado em 2003 com Menção Honrosa no Concurso Literário da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel).
Eduardo Dias tem poemas publicados na I Antologia de Poetas Paraenses, da Shogun Editora, 1985. Vários de seus poemas foram publicados em O Liberal, Cadernos de Cultura da UFPa, entre outros.
Participou como colaborador da Revista Alternativa carioca Verso & Reverso, da Revista Brasília, onde foi premiado com Medalha de Bronze, em Concurso Nacional, em 1984, entre mais de onze mil poetas de todo o Brasil.
Embora seja compositor, vários de seus poemas foram musicados por artistas como Ziza Padilha, Enrico di Miceli, Toninho Cunha, e Paulo Uchoa.
Eduardo Dias
por Manuela Carvalho Rodrigues
Quem o escuta cantando, custa a acreditar que o início de sua carreira de cantor talentoso foi algo acidental - não tendo encontrado intérpretes para as suas primeiras composições viu-se obrigado a cantar, e para públicos cada vez mais numerosos, sempre fazendo belíssimas apresentações vocais, perfeitamente harmônicas com os sons que saem de seu próprio violão e dos instrumentos encontrados às mãos dos músicos talentosos que o acompanham no palco; como disse um crítico a respeito de um de seus primeiros trabalhos fonográficos: "disco de autor com qualidade de intérprete". Quem o escuta cantando o hilariante brega Não tem as condição, com versos que aludem a um difícil relacionamento amoroso entre jovens suburbanos de Belém, de gênios e valores completamente incompatíveis, não tem como ignorar que a irreverência é uma de suas características mais marcantes;algo expresso em seus inúmeros shows durante esses vinte anos de carreira, nos brevíssimos intervalos entre as canções que apresenta.
Contudo, os que conhecem Eduardo Henrique Chaves Dias e sua obra - todos os que amam a música paraense - sabem que o brega e a irreverência peculiar a sua personalidade forte e marcante, pouco têm a ver com o refinamento poético e melódico e com o apego às coisas da região que caracterizam o vasto conjunto de suas composições musicais e justificam sua consagração, pela crítica e pelo público, como um dos maiores representantes da música paraense e amazônica, de todos os tempos. Eduardo Dias sabe cantar e sabe brandir ao violão os mais cultivados ritmos regionais, dos mais contagiantes aos mais harmônicos; sabe, como muito poucos, recriá-los em fusão com poemas de sua própria autoria que mais parecem letras de música, dedicadas ao amor e a nossa região. Eduardo Dias é sinônimo de criatividade e orgulho da origem amazônica e paraense, que transpassam a alma do talentoso artista e se misturam às suas composições musicais, fazendo florescer a verdadeira música regional. Sua música “tem olho de boto, garrafa de cheiro e benzera de avó”; tem o cheiro e a resistência do povo do Pará, da Amazônia; a história de nossa melhor música já não pode ser narrada sem referência a esse grande autor.
FECAMARABÁ – 1993 Eduardo e Adamor
Obidense, nascido no dia 12 de setembro de 1962, Eduardo mudou-se para Belém no começo da adolescência “com uma viola festeira, uma modinha de rio” e iniciou sua carreira aos vinte anos de idade, com serestas acompanhadas por cavaquinhos. A intimidade com este instrumento musical o fez participar inclusive de um festival de chorinho, mas o cavaquinho logo foi substituído pelo violão, que se tornou seu fiel companheiro. E foi com seu violão que passou a se apresentar nos bares da noite de Belém, subindo com este ao palco pela primeira vez em uma apresentação que ficaria assinalada como um marco de sua carreira: na semana de Artes da Universidade Federal do Pará, evento realizado em virtude da comemoração dos vinte e cinco anos de implantação da Universidade, Dias soltou a voz publicamente ao lado de vários artistas já importantes na época, entre os quais Altino Pimenta, Alfredo Reis, César Escócio e Rafael Lima. E não mais parou de cantar, composições próprias e de outros autores regionais; ele que estava há mais tempo condenado a criar músicas e poemas.
O laborioso teor de suas composições, moldadas pelas mãos desse habilidoso ourives da música, logo ganhou reconhecimento, aclamado que foi pelos críticos da época, entre eles um dos mais exigentes: o poeta Rui Barata, que acenou positivamente para a estrada artística de Eduardo. O jornalista Euclides Farias lembrou a respeito que “a anuência do poeta era passaporte certo para quem sonhava com a carreira de músico” e “ não sem alguns ralhos, carimbou (referindo-se ao passaporte) o de Eduardo, com visto duradouro; e assim, reconhecido pela verve de Ruy, o jovem compositor pôde viajar o tempo que o tempo tem para emergir na virada do milênio com uma obra consolidada, fecunda, multifacetada, participativa e vibrante como o cubo de gelo no inquieto copo de uísque do mestre”. Esse brilhantismo inerente a um artista tão bem conceituado pela crítica é reconhecido por meio de premiações, sendo importante ressaltar que em todos os festivais dos quais participou, tanto no Pará quanto em outros Estados brasileiros, foi contemplado com prêmios. Dias ressalta a relevância dos festivais como a “melhor forma de revelar valores, pois conseguem atingir a um público que se torna cativo”, acrescentando que “a competição com nomes famosos vem só incentivar os novos a darem o melhor de si, mostrando o que sabem fazer ao invés de se inibirem”.
Sempre vibrando com os ritmos amazônicos Eduardo Dias protagonizou no palco novos momentos marcantes de sua carreira. Em 1987, aos vinte e quatro anos, fez “Cheiro de Maresia”, acompanhado por uma banda composta por músicos ecléticos, através do projeto Clima do Som, da Associação dos Compositores, Letristas, Intérpretes e Músicos do Pará. Com alusões ao homem amazônico que mora na beira do rio, Dias conquista definitivamente seu público, que não mais se restringia aos universitários, congregando um universo muito maior de admiradores do lirismo com que declara sua paixão incurável pela cultura legitimamente amazônica e pelas belezas naturais desta região. Dois anos depois, em março 1989, no show “Mato Matado” cuja temporada teve início em Belém no teatro Waldemar Henrique e desdobrou-se em Santarém, durante a Semana de Cultura, e em Óbidos, no salão paroquial, Eduardo pode confirmar outra vez o reconhecimento pelo público de seu talento extraordinário. Além de interpretar músicas de compositores paraenses de renome nacional, com destaque para Alfredo Reis, Paulo André Barata, Gilberto Ichiahara e Walter Freitas; cantou músicas de sua própria autoria como “Canto para Despertar” . Esta, que recebeu uma premiação no festival do Baixo-Amazonas em 1987, impulsionou a abertura da porta para o caminho da vida artística fora do Estado: cantou no SESC de Santos, no Estado de São Paulo, dividindo o palco com outros artistas paraenses que já faziam sucesso no eixo sudeste.
O primeiro compacto duplo “Lira d'água”, foi lançado, em 1986, na Casa da Cultura de Santarém, em que a música “Água” desponta tornando-se a mais conhecida deste cantor e compositor. Mas é com “Estrela Negra” seu primeiro LP, que data o ano de 1991, que Dias se consagra como músico “engajado na defesa radical da cultura regional, da qual a música é seu produto de maior lance (...). O disco vem reafirmar o movimento regionalista (...) contrário à marginalização dos valores locais.” (Jornal Diário do Pará, 1991). “Estrela Negra” traz 10 músicas de diversos ritmos: oito composições de Eduardo, além de ”Dança da Mata”,de Beto Paixão, e “Tocaia”, de Mario de Moraes e Sidney Piñon. No disco de vinil, Sarakura-mirá, reafirma a resistência aos produtos comercializados pela indústria cultural tratando novamente de temas regionais. Eduardo Dias contabiliza cerca de cinco CDs gravados de maneira independente, tendo várias de suas composições gravadas por grandes intérpretes como a cantora lírica premiada internacionalmente Márcia Aliverti, Alcyr Guimarães, Vital lima, Fafá de Belém, Ana Cristina (prêmio Sharp de MPB), Côro Cênico da Unama, Grupo Vox Brasilis, Alexandra Sena, dentre outros. E participou de coletâneas como “Canto pela Paz”, Omani Omani, II Festival de Música Paraense, Feart, Festival da Canção de Marabá e Coletânea Chico Senna.
Eduardo Dias conquistou seu espaço no cenário musical com uma música imbricada de leveza regional, sem superproduções, destoante daquilo comercializado pela indústria cultural ao não se comprometer com modismos. Para Edgar Augusto Proença o reconhecimento conquistado pelo cantor foi merecido “tudo de até certo ponto sofrido, por isso mesmo mais valioso”. Suas composições assemelham-se a belos poemas literários com uma pincelada de romantismo. Segundo o jornalista Euclides Farias, Dias “sem saber fazer outra coisa senão perceber a beleza poética que emana de rios, igarapés, falares, costumes, lendas, contradições e da gente amazônica (...) ignorou os pichadores da obra alheia(...), cantou sua terra como poucos, produzindo rico, genuíno e sensível painel da Amazônia musical”. Para, Galdino Pena, professor da Fundação Carlos Gomes e compositor paraense, “a música de Eduardo é genuinamente amazônica, sobretudo por que nos traz à mente a imagem dos barrancos, dos remansos da beira-rio do médio Amazonas. Aliado a um estilo marcante e pessoal, evidente em composições como Cabanear, Eduardo consegue cantar o canto das águas o universo do homem amazônico de uma forma talentosa e promissora”. A formação do músico teve a influência de Caetano Veloso, João Bosco, e de Rui e Paulo André Barata, destes últimos extraiu a essência regional vista em suas composições em que ressalta o folclore local, por meio de uma linguagem peculiar, típica do povo paraense. Eduardo salienta a necessidade de se investir no regionalismo, nunca forçosamente, mas de maneira espontânea, citando as obras de Walter Freitas e Ronaldo Silva como parâmetros de qualidade.
Não é de se estranhar que o compositor de músicas que se constituem em primorosas poesias, seja também autor de obras relacionadas a esse gênero literário. A sensibilidade intrínseca para a escrita resulta em poemas que mais parecem letras de música porque, para o artista Eduardo Dias, os “poemas de amor” devem ser versados “por uma linguagem simples e musical”. Nascido na “Terra dos Escritores” logo mostrou sua inclinação para as letras, atividade que se pôs a desenvolver, desde o ano de 1982, antes mesmo de trilhar o caminho musical. Cursou Direito pela Universidade Federal do Pará e logo após tornou-se estudante do Curso de Letras e Artes, podendo se dedicar à vocação de escritor. Assim, pode publicar uma série de obras poéticas em que o foco principal é o amor, abordado em suas diversas faces destaque para o amor entremeando a vivência do homem amazônico; esse amor descrito nos poemas traspassam suas composições. Eduardo tem ao todo sete livros lançados: “Uma Vidal Viver” (1982), “De Proa” (1986), “Sinfonia dos Delírios” (1989), “A Sombra Oculta dos Mistérios” (1990), “Sonhos em Maresias”, “Poemas de Amor e Outras Canções de Amar” em que são reunidos versos que discorrem apenas sobre o amor; e “Nas Trilhas do Pingo D'Água”, seu trabalho mais recente. Grande parte das composições que canta são elaboradas por ele, entrelaçadas por um regionalismo amazônico com um toque romântico em que as belezas e riquezas da região são exaltadas, proporcionando um resgate cultural e histórico, bem como, um movimento de resistência às imposições da indústria cultural, que veicula na mídia preferencialmente músicas advindas da cultura de massa por atingirem a um público bem maior.
Opondo-se à utilização da música como produto a ser comercializado, visando unicamente ao lucro, Eduardo Dias dispôs-se recentemente a contribuir para a criação de mais uma rádio comunitária FM, a da Associação do Conjunto Habitacional Júlia Seffer, (ACHAJUS) localizado em Ananindeua, acreditando que a mesma poderá contribuir efetivamente para a divulgação e valorização da música popular e regional. Procurado pelo Instituto Cultural Fala para o Desenvolvimento das Mídias Populares da Amazônia, aceitou prontamente gravar músicas de seu vasto repertório em CD que ele próprio concebeu e que está sendo lançado com a finalidade de arrecadar fundos para a implantação da rádio Trata-se do CD “Batuque Amazônico, Coletânea Especial Nº 1”, que reúne em 15 canções uma esplêndida mostra da obra de Eduardo e outros autores da terra. “Caminho Nativo”, música de abertura do CD, que canta as belezas de alguns dos nossos mais importantes municípios. Beto Paixão, santareno, canta com João Otaviano Matos “Dança da Mata” sua bonita homenagem aos “encantos” de Santarém. “Matutando” conta com a participação especial de Nazinha. O saudoso Wilson Fonseca é lembrado com a regravação de “Lenda do Boto”. As faixas finais “Canto da Lua” e “Carimbo da louvação” são interpretadas por Ilma Maria. Estão entre outras canções conhecidas do público e que ajudam a compor o que a música paraense e amazônica tem de melhor.
Como poucos, Dias consegue congregar emoção, amor, ternura ao cantar histórias típicas do povo, fazendo resplandecer em cada verso o orgulho de ser da Amazônia, a paixão de ser paraense, e valorizando o que há de melhor na região: os rios caudalosos, a mata verde e exuberante, o caboclo, o boto, o boi-bumbá, o perfume da terra. Canta o Pará autêntico em seus ritmos, danças e lendas. Seu “canto é flor de sangue” seu “verso seiva de amor”. Eduardo consegue exprimir em tudo o que canta o fascínio próprio de quem ama o que faz. É Cantor, compositor e poeta. Versátil. Três figuras que se complementam de forma harmoniosa, incorporadas em um único ser: Eduardo Henrique Chaves Dias, ou simplesmente Eduardo Dias.